Semana de Arte Moderna: a nova arte brasileira

21/02/2019

Educação Profissional

Artistas brasileiros se reuniram em oposição ao conservadorismo do século XIX.

Em três anos, a Semana de Arte Moderna completa 100 anos. O movimento foi fundamental para a libertação criativa de artistas brasileiros e para a caracterização da arte do país. Entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, pintores, escultores, músicos, escritores e arquitetos fizeram apresentações e exposições no Theatro Municipal de São Paulo e mostraram sua arte moderna e genuinamente nacional.

Para entender melhor essa manifestação cultural, é preciso voltar alguns anos no tempo e avaliar o período artístico que precedeu a Semana de 22. "Com a revolução industrial e os avanços tecnológicos do início do século XX, o artista não tinha mais a obrigatoriedade de reproduzir apenas o que estava vendo. Ele começou a pintar de forma mais livre e expressar o que a nova época representava", explica a professora de Artes da Escola de Aplicação, Andrea Domingues.

A partir dessa nova expressão dos artistas, a pintora Anita Malfatti (1889-1964) pintou, em 1917, O Homem Amarelo, obra que recebeu duras críticas do escritor Monteiro Lobato (1882-1948). "Os modernistas da época ficaram muito assustados com a reação e uniram-se para defender Anita", conta a professora. Mais tarde, esse grupo seria o responsável pela Semana de 22.

Movidos por um espírito novo e moderno, em oposição ao conservadorismo do século XIX, artistas como os pintores Anita Malfatti (1889-1964), Di Cavalcanti (1897-1976) e Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), o escultor Victor Brecheret (1894-1955), o arquiteto Antonio Moya (1891-1949), os poetas Mário de Andrade (1893-1945) e Oswald de Andrade (1890-1954) e o compositor Villa-Lobos (1887-1959) expuseram seus trabalhos no Theatro Municipal de São Paulo, festival que ficou conhecido como a Semana de Arte Moderna.

Nessa época, foram produzidas algumas das obras mais conhecidas no país e até no mundo, como o Abaporu, de Tarsila do Amaral, e O Japonês, de Anita Malfatti. Apesar de ser mais um movimento destrutivo – contra o conservadorismo – em vez de construtivo, o período trouxe grandes influências para a arte brasileira. "Os artistas brasileiros foram em busca de novas tendências artísticas modernistas na Europa, mas não se apropriaram totalmente dessas tendências européias, eles aprenderam a técnica e adaptaram com características bem brasileiras", pontua a Profa. Andrea.

Essa nova maneira de fazer arte pode ser percebida em obras como as de Cândido Portinari, por exemplo. A mesma coisa com Tarsila do Amaral, que pinta as cores do Brasil, a vegetação brasileira. "Isso mostra, também, a provocação à arte acadêmica, a busca de uma expressão genuinamente nacional, embora inspirada nos impulsos libertadores europeus, nas tendências vanguardistas", finaliza a professora.

Para auxiliar nos estudos, a Profa. Andrea indica algumas obras sobre o período. "Pode-se pesquisar no livro História da Arte, de Graça Proença. Ele é de fácil entendimento e abrange bem a Arte Moderna. Outro livro muito bom é o Explicando a Arte Brasileira, das autoras Lucília Garcez e Jô Oliveira. Temos, também, A História da Arte, escrito por Ernst Gombrich e considerado a Bíblia da arte."

Marina Lima

Escola de Aplicação/UNITAU

Foto: Reprodução/Internet