A educação como meio empoderador

08/03/2018

Educação Profissional

O conhecimento estimula o pensamento livre e proporciona aos jovens a autonomia sobre suas próprias decisões na luta contra as desigualdades

Ao longo de quase dois milênios, as figuras relacionadas ao conhecimento eram predominantemente, senão exclusivamente, masculinas. Basta folhear um livro de Química, de Biologia ou de Sociologia e confirmar que a grande maioria dos cientistas e intelectuais era formada por homens.

As mulheres, historicamente, sofreram com a falta de acesso ao conhecimento, o que promoveu a repressão e a exclusão social feminina. Desde o século XVIII, elas vêm lutando e conquistando seus direitos, como direito ao voto, ao trabalho e, dentre um dos mais importantes, o acesso ao ensino.

Tanto para as mulheres quanto para os homens, a educação é empoderadora, pois garante ao indivíduo a autonomia de suas decisões. “O conhecimento permite a instrumentalização das ações e o poder de agir. O empoderamento intelectual é um dos passos para o empoderamento prático”, afirma a Profa. Dra. Fabrina Moreira, filósofa e professora da Universidade de Taubaté (UNITAU). “Para as mulheres, o acesso à educação é expressivo devido ao histórico de repressão sofrido por vários séculos, como o direito ao estudo e à participação política”, completa a docente.

Sendo o conhecimento uma forma de independência, a escola é o primeiro contato com essa visão de mundo. “É na escola que a criança e o jovem iniciam a participação política, aprendem a viver coletivamente, por conta de eventos e grupos, como o grêmio estudantil, saraus, competições esportivas. O conhecimento dá base para o aluno lidar com essas situações e, até mesmo, para a vida adulta”, explica Fabrina.

A escola deve ser um local que promova o debate sobre a realidade do mundo que cerca os estudantes. Por meio da educação, os jovens tomam consciência de suas posições na sociedade, desenvolvendo a autonomia de suas ações. ”O meu papel aqui como professora é o da busca pelo conhecimento, de mostrar caminhos diferentes além dos caminhos já impostos”, conta a Profa. Valéria Duarte, que leciona a disciplina de Geografia para o Ensino Fundamental II e Ensino Médio na Escola de Aplicação Dr. Alfredo José Balbi.

Por isso, desde muito novas, as meninas devem ser incentivadas a buscar conhecimento, pois os benefícios vão além da representatividade feminina na História. “Estimular o estudo, a pesquisa e a produção científica pode ajudar a jovem a crescer com o pensamento mais livre, sabendo que ela é capaz, que tem seu valor e ainda sabe que pode solucionar situações”, ressalta a Profa. Bianca Rossi, que leciona a disciplina de Ciências no Ensino Fundamental II. 

A discussão sobre questões aparentemente femininas está cada vez mais presente entre os jovens dentro da sala de aula, pois tanto garotas quanto garotos têm lutado contra a exclusão social. “Os alunos vêm com essa demanda, eles querem um espaço de fala. Tanto meninos quanto meninas querem se entender para acabar com a desigualdade. A educação colabora muito para isso, desde que isso seja trabalhado com eles. Então sempre busco uma forma de ir além dentro do meu conteúdo, promovendo situações de conversa”, finaliza Valéria.

 

 

Heloisa Costa

Escola de Aplicação/UNITAU

*Foto: Thays Oliveira/ACOM